Os candidatos Jair Bolsonaro (PSL) e Fernando Haddad (PT) decidirão em segundo turno, no dia 28 de outubro, quem será o próximo presidente do Brasil. O resultado foi matematicamente confirmado às 20h48 deste domingo (7), segundo a presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Rosa Weber. Às 23h30, quando já haviam sido apuradas 99,8% das seções eleitorais, Bolsonaro contava com 46,1% dos votos válidos e Haddad 29,2%. Ciro Gomes (PDT) ficou em terceiro lugar no primeiro turno e estava com 12,5% dos votos válidos.
Bolsonaro venceu em 16 estados e no Distrito Federal. Haddad ganhou em 9 estados, a maioria no Nordeste; e Ciro teve a maior votação apenas no Ceará. Desde a redemocratização, houve segundo turno nas eleições para presidente da República de 1989, 2002, 2006, 2010 e 2014. Nas eleições de 1994 e 1998, o presidente foi eleito no primeiro turno (Fernando Henrique Cardoso).
Após a confirmação do segundo turno, Bolsonaro e Haddad fizeram pronunciamentos no Rio de Janeiro e em São Paulo, respectivamente. Pela internet, o candidato do PSL agradeceu os votos recebidos e criticou o adversário petista. “Não queremos a volta desse tipo de gente para ocupar o Palácio do Planalto. O Brasil teve uma experiência de 13 anos no que há de pior na política”, disse Bolsonaro. “Mergulharam o País na mais profunda crise ética e moral. Não podemos dar mais um passo à esquerda. O nosso passo agora é a centro-direita”, declarou.
Já Haddad afirmou que o compromisso do PT é com um projeto democrático e popular, e fez uma convocação ao “campo progressista”. “Queremos unir os democratas, as pessoas que têm atenção aos mais pobres. Vamos fazer um governo que una o País, há muita coisa em jogo”, disse. “Queremos enfrentar o debate respeitosamente. Vamos para o campo com uma única arma: o argumento.”
O candidato do PT disse ainda que já está em contato com Ciro Gomes (PDT), Marina Silva (Rede) e Guilherme Boulos (Psol), discutindo apoio daqui em diante.
Reinício da campanha
Até o dia 28, ainda restam quase três semanas de campanha. Os candidatos a presidente e governador que passaram ao segundo turno podem voltar a fazer campanha depois de 24 horas do fim da votação – isto é, depois das 17h desta segunda-feira (8). A propaganda eleitoral gratuita no rádio e na televisão recomeça dia 12. A campanha de rua vai até o dia 26 de outubro.
Diferentemente do que ocorre no primeiro turno, na segunda rodada da votação o tempo é dividido igualmente entre os candidatos – tanto presidenciais quanto a governador.
A campanha eleitoral ficou marcada pelo atentado contra Bolsonaro, que foi esfaqueado na barriga pelo ajudante de pedreiro Adélio Bispo de Oliveira no dia 6 de setembro, durante agenda de campanha em Juiz de Fora (MG). O presidenciável foi operado na cidade mineira no mesmo dia. Na semana passada, o pedreiro foi denunciado à Justiça pelo Ministério Público Federal em Minas Gerais.
Os candidatos
O deputado federal Jair Bolsonaro, 63 anos, disputa pela primeira vez a Presidência da República. Capitão reformado do Exército, ele iniciou a trajetória política como vereador no Rio de Janeiro, em 1989. Em 1991, assumiu uma vaga na Câmara dos Deputados e foi reeleito desde então, encontrando-se no sétimo mandato.
Nesse período, passou por diversos partidos, até a filiação ao PSL em março deste ano, como parte da estratégia para disputar a Presidência da República. O programa de governo de Bolsonaro propõe uma agenda conservadora nos costumes e liberal na economia. O candidato a vice na chapa é o general da reserva gaúcho Hamilton Mourão (PRTB).
Ex-ministro da Educação e ex-prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, 55 anos, também disputa pela primeira vez a Presidência da República. Ele assumiu a cabeça da chapa petista após o TSE rejeitar a candidatura do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em agosto. Até então, Haddad figurava como candidato a vice-presidente.
Formado em direito, com mestrado em economia e doutorado em filosofia, é atualmente professor universitário. O programa do candidato defende a ampliação dos direitos sociais, a reforma política e a reforma tributária. A candidata a vice-presidente na chapa é a deputada estadual gaúcha Manuela d’Ávila (PCdoB).
Veja abaixo quadro comparativo dos programas para a área de energia:
Proposta | Jair Bolsonaro | Fernando Haddad |
Petrobras | Deveremos promover a competição no setor de óleo e gás, beneficiando os consumidores. Para tanto, a Petrobras deve vender parcela substancial de sua capacidade de refino, varejo, transporte e outras atividades onde tenha poder de mercado |
O governo Haddad devolverá à Petrobras sua função de agente estratégico do desenvolvimento brasileiro, garantindo-a como empresa petrolífera verticalizada – atuando em exploração, produção, transporte, refino, distribuição e revenda de combustíveis – e como empresa integrada de energia, presente no ramo de petróleo e em biocombustíveis, energia elétrica, fertilizantes, gás natural e, sobretudo, petroquímica. Especial atenção terá a ampliação do parque de refino, sobretudo acabando com a ociosidade atual das refinarias da Petrobras, para que seja garantido o fornecimento de derivados de petróleo em todo o território nacional. Será interrompida a alienação em curso de ativos estratégicos da empresa, ao tempo em que a política de conteúdo local será retomada e aprimorada. |
Política de Preços da Petrobras | Os preços praticados pela Petrobras deverão seguir os mercados internacionais, mas as flutuações de curto prazo deverão ser suavizadas com mecanismos de hedge apropriados. | A política de preços de combustíveis da Petrobras será reorientada. O mercado brasileiro é aberto a importações, mas isso não significa que o petróleo retirado no Brasil, aqui transportado e refinado, com custo bem menor que o internacional, seja vendido aos brasileiros segundo a Nova Política de Preços da Petrobras do governo Temer, a PPI (Paridade de Preços Internacionais), enormemente mais caro que o produto nacional. Essa mudança tem por objetivo garantir um preço estável e acessível para os combustíveis. |
Conteúdo Local | A burocrática exigência de conteúdo local reduz a produtividade e a eficiência, além de ter gerado corrupção. Além disso. não houve impacto positivo para a indústria nacional no longo prazo. Assim será necessário remover gradualmente as exigências de conteúdo local. O emprego na indústria local crescerá nas atividades onde houver vantagens comparativas ou competitividade. Assim, a indústria naval brasileira será compelida a investir e alcançar maiores níveis de produtividade |
A Petrobras deve ser fortalecida, o regime de partilha na área do Pré-sal deve ser mantido, bem como a política de conteúdo local. A política industrial requer uma forte infraestrutura que integre e articule as regiões do país, bem como a produção em grande escala de energia a partir de fontes limpas, uma vez que o país as possui em elevado potencial. |
Leiloes de petróleo | Sem informações | Interromperemos as privatizações e a venda do patrimônio público, essencial ao nosso projeto de Nação soberana e indutora do desenvolvimento, e tomaremos iniciativas imediatas para recuperar as riquezas do pré-sal, o sistema de partilha e a capacidade de investimento da Petrobras e demais empresas do Estado |
Desinvestimentos da Petrobras | Petrobras deve vender parcela substancial de sua capacidade de refino, varejo, transporte e outras atividades onde tenha poder de mercado |
Será interrompida a alienação em curso de ativos estratégicos da empresa, ao tempo em que a política de conteúdo local será retomada e aprimorada. |
Gás natural | Para aumentar a importância do Gás Natural no setor, é importante acabar com o monopólio da Petrobras sobre toda a cadeia de produção do combustível, mediante:. Desverticalização e desestatização do setor de gás natural. • Livre acesso e compartilhamento dos gasodutos de transporte. • Independência de distribuidoras e transportadoras de gás natural, não devendo estar atreladas aos interesses de uma única companhia. • Criação de um mercado atacadista de gás natural. • Incentivo à exploração não convencional, podendo ser praticada por pequenos produtores. |
O gás é um produto que não pode faltar na casa das famílias. O governo Haddad vai criar o Programa Gás a Preço Justo, que garantirá que o preço do gás caiba no bolso das famílias para que todos possam cozinhar e comer com dignidade e segurança novamente. |
Renováveis | Apesar de acreditarmos que o novo modelo será benéfico para o Brasil como um todo, consideramos que o Nordeste será uma das regiões mais beneficiadas. Com Sol, vento e mão de obra, o Nordeste pode se tornar a base de uma nova matriz energética limpa, renovável e democrática. Expandindo não somente a produção de energia, mas de toda a cadeia produtiva a ela relacionada: produção, instalação e manutenção de painéis fotovoltaicos; parceria com as universidades locais para o desenvolvimento de novas tecnologias; surgimento ou instalação de outras indústrias que sejam intensivas no uso de energia elétrica, etc. |
As mudanças terão como meta zerar as emissões de GEE da matriz elétrica brasileira até 2050. Também será perseguida a meta de instalar kits fotovoltaicos em 500 mil residências por ano. A micro e mini-geração de energia renovável será impulsionada pela venda do excedente de energia gerada por residências, comércio e indústria. |
setor elétrico | Transformaremos o setor elétrico, do atual quadro de judicialização generalizada e baixa confiança dos investidores, em um dos principais vetores de crescimento e desenvolvimento do Brasil. A oferta de energia precisa ser confiável, a preços justos e competitivos internacionalmente, além da geração de oportunidades a pequenos empreendedores e criação de centenas de milhares de empregos | O governo investirá no aperfeiçoamento do modelo energético, orientado pelas seguintes diretrizes (1) a retomada do controle público, interrompendo as privatizações; (2) a diversificação da matriz elétrica, direcionando investimentos para expandir a geração com energias renováveis (solar, eólica e biomassa); (3) tarifas justas; e (4)participação social. A Eletrobras retomará seu papel estratégico no sistema energético brasileiro, contribuindo para a expansão da geração e transmissão de energia no país |
Fonte: epbr