O ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, afirmou nesta terça-feira (15) que o governo deve propor a nova meta fiscal para 2017 e 2018 até o final desta quarta-feira (16).
Ele disse que o valor da nova meta não está fechado, mas negou que possa chegar a R$ 170 bilhões.
“Não vemos no horizonte uma necessidade de chegar a esses números como se tem mencionado, números de R$ 175, R$170 bilhões, mas não temos ainda o numero definido”, disse Meirelles.
O ministro falou a jornalistas ao final de um café da manhã com deputados da base do governo na casa do presidente da Câmara, Rodrigo Maia.
“Nós devemos estar até amanhã [quarta] com a definição da meta de 2017 e 2018. Deveremos anunciar qualquer revisão, se for o caso, até amanhã ao final do dia”, disse Meirelles.
Hoje o governo tem autorização do Congresso para que suas despesas superem a arrecadação com impostos e contribuições em até R$ 139 bilhões, em 2017, e em até 129 bilhões, em 2018. Esses valores são a chamada meta fiscal.
Com a arrecadação abaixo da esperada e frustração de receitas extras, o governo não vai conseguir cumprir essas metas. A expectativa é que proponha ao Congresso eleva-las para até R$ 159, tanto em 2017 quanto em 2018.
Isso significa que o governo quer autorização para elevar o teto para o rombo das contas públicas para R$ 159 bilhões.
O assunto é caro ao governo Temer, que assumiu com discurso de restabelecer a responsabilidade fiscal e adotar medidas para reduzir o crescimento da dívida pública.
A revisão da meta gera desconfianças nos investidores. E o governo quer garantir que não será preciso propor mudança de valores novamente mais à frente.
Evitar alta de impostos
As discussões agora são dominadas pelo cálculo das receitas com as quais o governo poderá contar para ter certeza de que será possível cumprir a nova meta fiscal sem a necessidade de recorrer a novos aumentos de impostos, que dificilmente seriam aprovados no Congresso.
Boa parte dessas receitas extras deve vir de novas concessões. Na noite de segunda houve reuniões em Brasília para discuti-las, uma delas entre os ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Moreira Franco, e dos Transportes, Maurício Quintella.
Moreira Franco é o responsável pelo Programa de Parcerias em Investimentos (PPI), o programa de concessões e privatizações do governo Temer.
Na semana passada, Quintella confirmou que o governo estuda leiloar 19 aeroportos que hoje estão sob o comando da estatal Infraero, entre eles Santos Dumont e Recife. Fontes do governo estimam que o leilão pode render até R$ 20 bilhões.
Outra medida em estudo é a venda da participação da Infraero nos aeroportos concedidos durante o governo da ex-presidente Dilma Rousseff, entre eles Guarulhos, Brasília e Viracopos (Campinas).
O governo também conta com concessões no setor elétrico para garantir receita extra ainda neste ano. Está marcado para o final de setembro o leilão de quatro hidrelétricas e o governo espera arrecadar R$ 11 bilhões com o pagamento de outorga pelos vencedores.
Receitas frustradas
O governo enfrenta dificuldade em cumprir a meta fiscal porque o reaquecimento da economia brasileira é mais lento que o previsto e, com isso, a arrecadação com impostos e contribuições está ficando abaixo da esperada.
Para tentar cumprir a meta deste ano o governo já bloqueou gastos e aumentou tributos sobre os combustíveis, por exemplo. Além disso, o governo já anunciou a adoção de um programa de incentivo para demissão de servidores e planeja adiar o reajuste programado para o início do ano que vem.
O governo também contava com algumas receitas extras neste ano, que acabaram não se confirmando. Entre elas está a arrecadação com a segunda fase da chamada repatriação, que permite a contribuintes regularizar bens mantidos no exterior e que não haviam sido declarados à Receita Federal.
Para regularizar o bem, era necessário pagar Imposto de Renda e multa. O governo esperava inicialmente R$ 13 bilhões em receita, mas acabou recebendo apenas R$ 1,61 bilhão.
Fonte: G1