O setor elétrico brasileiro investirá 192,2 bilhões de reais entre 2015 e 2018, com a fonte hidrelétrica se mantendo como principal fonte da matriz energética do país, segundo perspectiva divulgada à Reuters nesta terça-feira pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).
A nova estimativa de investimentos representa leve aumento frente à projeção de 191,7 bilhões de reais feita em maio referente ao período de 2014 a 2017.
“O setor elétrico já está num grau de patamar de investimento estável nos últimos anos”, disse Alexandre Siciliano, gerente do departamento de energia elétrica do BNDES.
Do total a ser investido pelo setor até 2018, o destaque é a geração de energia elétrica, cujos investimentos foram estimados em 118,8 bilhões de reais, dos quais 56,3 bilhões são referentes a empreendimentos hidrelétricos, sendo mais da metade já contratados por leilões públicos.
A estimativa tem por base os leilões de geração e transmissão de energia já realizados, assim como as indicações do planejamento realizado pela Empresa de Pesquisa Energética (EPE) da expansão da geração e da transmissão de energia elétrica para o horizonte decenal. Segundo o banco de fomento, a projeção levou em conta investimentos cuja maturação ocorrerá até 2022.
A segunda fonte de energia que vai mais investir no período é a eólica, com 35,5 bilhões de reais previstos segundo o levantamento do BNDES. Esse montante representa uma queda de 17,44 por cento frente aos 43 bilhões de reais previstos em maio para o período de 2014-2017.
Apesar da baixa dos investimentos em relação à perspectiva anterior, o BNDES afirmou que a energia eólica vem se tornando competitiva. A previsão do banco é que em cinco anos essa matriz tenha cerca de 10 por cento de participação na matriz elétrica brasileira. Segundo a EPE, essa fatia estava em 1,7 por cento no fim de 2013.
Já a energia solar foi pela primeira vez inserida na perspectiva de investimentos do setor elétrico, com 6,6 bilhões de reais até 2018. Isso ocorreu após o leilão de energia de reserva realizado em outubro e à inserção dessa fonte no Plano Decenal de Expansão (PDE) da EPE.
O BNDES destacou em suas perspectivas que a expansão do parque gerador de eletricidade brasileiro tem se dado principalmente por hidrelétricas a fio d’água, cujos reservatórios não têm capacidade de acúmulo de água em horizonte de tempo plurianual. Além disso, a expansão tem se dado por fontes intermitentes como a energia eólica, e, para o futuro próximo, pela energia solar.
“Por esse motivo, será inevitável a elevação da capacidade instalada e da frequência do uso das fontes termelétricas, sobretudo aquelas com capacidade operativa flexível, de forma a complementar as fontes renováveis”, disse o banco em comunicado.
FORNECEDORES
Segundo Siciliano, o BNDES tem conversado com diversos fornecedores de equipamentos de energia solar que estão se preparando para vir ao Brasil. “Já tínhamos a perspectiva de que seria oportuno criar rede de fornecedores locais para a fabricação de painéis (solares)”, disse o executivo.
De acordo com ele, desde o início do primeiro semestre o BNDES trabalha para dar início ao apoio à cadeia produtiva de energia solar.
“Antes do leilão, divulgamos condições específicas de tratamento e políticas de credenciamento do BNDES que envolve cronograma evolutivo de conteúdo local. É análogo ao que foi feito com a energia eólica, estamos seguindo rota semelhante”, disse.
Siciliano afirmou que já existem empresas desse segmento interessadas em assinar acordos com o BNDES, mas não divulgou nomes. “A metodologia existe, está publicada no BNDES (…). A fornecedora pode assinar em qualquer momento que tiver interesse”, disse, sem dar mais detalhes.
Com informações Reuters e Cleto Gomes- Advogados Associados