Apesar do acordo anunciado ontem (24) pelo governo brasileiro com os caminhoneiros, os motoristas mantêm nesta sexta-feira a greve geral, que entra em seu quinto dia. Pelo acordo, os caminhoneiros deveriam voltar ao trabalho progressivamente e manter uma trégua de 15 dias, a fim de evitar uma crise de desabastecimento pelo Brasil. Em diversas cidades, há falta de alimentos e combustíveis, problemas em aeroportos e ônibus devido ao desabastecimento, e até frotas policiais estão sendo reduzidas.
Sem caminhões para entregas, vários setores comerciais e profissionais, inclusive o hospitalar, também estão sem suprimentos e cirurgias foram canceladas.
O protesto é contra o aumento do preço do diesel, após o produto sofrer 11 reajustes em 17 dias. Como o preço do petróleo subiu, a Petrobras repassou as flutuações nas cotações internacionais às refinarias. Mas, na quarta-feira, o presidente da estatal, Pedro Parente, disse que reduziria o preço do diesel em 10% por 30 dias. O governo também prometeu abrir mão de impostos, como a Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico (Cide), que incide 1% sobre o combustível, para baratear o preço final. A desoneração implicará em perdas bilionárias aos cofres públicos.
O governo tinha aceitado 12 propostas exigidas pela categoria, mas se negou a acatar a principal reivindicação: a isenção do PIS/Cofins sobre o óleo diesel.
Mesmo com o acordo, apenas parte dos caminhoneiros aceitou encerrar a greve. O texto foi assinado por algumas entidades representativas, incluindo a Confederação Nacional dos Transportadores Autônomos (CNTA). Outros grupos, como a Associação Brasileira de Caminhoneiros (Abcam) e a União Nacional dos Caminhoneiros (Unicam), rejeitaram. Além disso, motoristas de van escolares começaram hoje a fazer bloqueios em ruas e rodovias das capitais para exigir também uma redução no valor da gasolina, que em alguns postos chegou a ser comercializada a R$9 o litro.
Fonte: ISTOÉ