O Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom) avaliou nesta terça-feira (14) que a economia brasileira vem crescendo num ritmo abaixo do esperado e que continua exposta a “incertezas” e que, por isso, precisa de mais tempo para decidir os “próximos passos da política monetária.”
A avaliação está na ata da mais recente reunião do Copom, que aconteceu na semana passada. Nela, o Banco Central (BC) decidiu, pela 9ª vez seguida, manter a taxa básica de juros da economia, a Selic, em 6,5% ao ano.
No documento, o Copom também avaliou que existe “probabilidade relevante” de que o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro tenha registrado um “ligeiro” recuo no primeiro trimestre de 2019 (leia mais abaixo).
“O Copom julga importante observar o comportamento da economia brasileira ao longo do tempo, livre dos efeitos remanescentes dos diversos choques a que foi submetida no ano passado e, em especial, com redução do grau de incerteza a que a economia brasileira continua exposta”, diz a ata.
“O comitê considera que esta avaliação demanda tempo e não deverá ser concluída a curto prazo. O Copom ressalta que os próximos passos da política monetária continuarão dependendo da evolução da atividade econômica, do balanço de riscos e das projeções e expectativas de inflação”, continua o texto.
Recuo do PIB
A ata do Copom também destaca que indicadores apontam para um desempenho da economia brasileira “aquém do esperado” no primeiro trimestre e da probabilidade de queda no Produto Interno Bruto (PIB) no período.
“Os indicadores disponíveis sugerem probabilidade relevante de que o Produto Interno Bruto (PIB) tenha recuado ligeiramente no primeiro trimestre do ano, na comparação com o trimestre anterior, após considerados os padrões sazonais”, diz o texto.
O Copom também avaliou que “os riscos associados a uma desaceleração da economia global permanecem e que incertezas sobre políticas econômicas e de natureza geopolítica podem contribuir para um crescimento global ainda menor”, o que se refletiria no Brasil.
De acordo com o Copom, porém, a expectativa é de retomada do crescimento nos próximos meses.
“Os membros do Copom avaliam que o processo de recuperação gradual da atividade econômica sofreu interrupção no período recente, mas o cenário básico contempla sua retomada adiante.”
Essa recuperação do crescimento econômico, aponta a ata, depende do avanço das reformas, notadamente a da Previdência, mas também de outras medidas para aumentar a produtividade no país e a “flexibilidade da economia”, além da melhoria do ambiente de negócios.
Taxa Selic e a inflação
Todos os anos o governo fixa metas de inflação que precisam ser perseguidas pelo Banco Central. Para este ano, a meta central de inflação é de 4,25%.
O sistema, porém, prevê uma margem para cima e para baixo desse número, o que significa que o BC terá cumprido a meta caso a inflação oficial no ano varie fique dentro desse intervalo. Para 2019 ele vai de 2,75% a 5,75%.
A principal arma do Banco Central para atingir a meta de inflação é a taxa Selic. Se há indicativo de que a inflação ficará acima da meta, o BC eleva a Selic. A medida se reflete nos juros cobrados pelas instituições financeiras em geral e o crédito no país fica mais caro.
O objetivo é fazer com que o consumo caia, o que leva a desaceleração da inflação. Entretanto, também afeta o crescimento da economia e gera desemprego.
Por outro lado, se há indicativos de que a inflação está dentro da meta, o Banco Central pode baixar a taxa Selic. Mais uma vez, essa ação se reflete nos juros cobrados pelos bancos, que tendem a cair, estimulando a economia.