Faz uma semana que Viviane Martins da Silva, de 34 anos, voltou a trabalhar, depois de dois anos e meio procurando emprego. A vaga, com carteira assinada, apareceu numa indústria que fabrica itens de carnaval. “Trabalho na expedição”, diz.

O último emprego de Viviane com registro na carteira tinha sido numa loja, quatro anos atrás, antes de nascer a sua filha. Na época, ganhava R$ 1.600 por mês para ser operadora de caixa. Na indústria, vai receber quase o mesmo salário, só que quatro anos depois.

Viviane diz que o mercado de trabalho está difícil. Até conseguir essa vaga, ela distribuiu mais de 200 currículos. Houve ocasiões em que a empresa anunciava 20 vagas e apareciam mil candidatos. Mas, nos últimos tempos, notou alguma melhora por causa do aumento da demanda por produtos e serviços vendidos no carnaval. Além do seu caso, ela lembra que tem duas amigas que conseguiram trabalho numa confecção de fantasias.

A Carnival, loja e confecção de fantasias que fica na região da 25 de Março, em São Paulo, por exemplo, aumentou neste ano em 30% o quadro de funcionários com admissão de temporários para atender à procura por itens de carnaval, conta Kaled Couri Jr, que administra a loja.

“Graças a Deus e ao carnaval consegui a vaga”, diz Viviane, que nasceu na Bahia e passou a gostar ainda mais de carnaval.

Viviane e as duas amigas são exemplos concretos da reação que houve no mercado de trabalho por conta da festa. Estudo da Confederação Nacional do Comércio (CNC) feito com base nos dados do Cadastro de Empregados e Desempregados (Caged), projeta que 23,6 mil vagas temporárias com carteira assinada foram abertas para o carnaval deste ano. É um volume 20% acima do registrado no carnaval de 2018 e o maior número de temporários para a data desde 2015.

Informal.

Além do emprego com carteira assinada, o carnaval é uma oportunidade de renda para os ambulantes, que vendem sobretudo bebidas. Em São Paulo, por exemplo, a Prefeitura informa que foram abertas 10 mil vagas de ambulantes este ano, o mesmo número do carnaval do ano passado.

A patrocinadora do carnaval de rua de São Paulo neste ano é a Arosuco, uma subsidiária da Ambev. Segundo a Secretaria Municipal das Subprefeituras, a empresa vai investir R$ 16,1 milhões no patrocínio. É o maior valor que o carnaval de rua de São Paulo já recebeu, informa a secretaria. No ano passado, o patrocínio da Dream Factory foi de R$ 15,5 milhões.

A Skol, marca de cerveja da Ambev, vai patrocinar mais de 50 blocos da capital paulista e será a cerveja vendida pelos ambulantes. A Ambev não revela a expectativa de vendas na capital. Mas a reportagem apurou que a projeção do mercado é de um aumento de consumo da ordem de 15%, impulsionado pela melhora da economia e do calor intenso deste verão.

Fonte: Estadão