Durante o julgamento de apelação de Lula no TRF da 4ª região, os membros responsáveis pela acusação se utilizaram de citações literárias e de fatos históricos para defender a condenação do ex-presidente.
Ao subir à tribuna, o advogado e assistente de acusação da Petrobras, René Dotti, reafirmou a importância da petroleira para a história do Brasil. Ele relembrou a publicação de Monteiro Lobato, em 1936, intitulada de “O escândalo do petróleo e ferro”. Para Dotti, o autor é uma figura histórica de luta pela Petrobras.
O causídico ressaltou ainda como autor sensibilizou os adultos sobre a exploração das riquezas naturais falando da crise, das denúncias e dos escândalos que envolvem este recurso natural. Lobato defendeu que “ouro negro” foi o responsável pela prosperidade da nação. Clique na imagem para ampliar.
Em outro momento de sua fala, o advogado relembrou a campanha “O petróleo é nosso”, durante governo de Getúlio Vargas, dando ênfase em um trecho da carta-testamento de Vargas endereçada ao povo brasileiro antes de se suicidar. Destacou:
“Quis criar a liberdade nacional na potencialização das nossas riquezas através da Petrobras, mal começa esta a funcionar a onda de agitação se avoluma”.
Posteriormente, Dotti falou dos esforços para se combater a corrupção, relembrando os esforços de Winston Churchill para salvar a Inglaterra do domínio nazista.
Para arrematar sua fala, o advogado engradeceu o sentimento de esperança que este julgamento dá para o país, citando o pensamento de Aristóteles: “a esperança é o sonho do homem acordado” e finalizando com uma frase de Padre Antônio Vieira: “a esperança é a mais doce companheira da alma”.
Dotti encerrou seu discurso dizendo: “A esperança de hoje nesse momento é, senhor presidente, a condenação desses réus para absoluta necessidade do povo brasileiro”.
Em outro momento do julgamento, o procurador Regional da República Maurício Gotardo Gerum assumiu posição de fala. Após sustentar os fatos criminosos que levaram à condenação dos réus, Gerum terminou sua fala citando o livro do escritor russo Fiódor Dostoiévski.
“Não, aqueles homens não foram feitos assim; o verdadeiro soberano a quem tudo é permitido, esmaga Toulon, faz uma carnificina em Paris, esquece um exército no Egito, sacrifica meio milhão de homens a campanha da Rússia e se safa com um calembur em Vilna; e ao morrer é transformado em ídolo – logo, tudo lhe é permitido. Não, pelo visto esses homens não são de carne, são de bronze!”.
Ao final, acrescentou: “Em uma República, excelência, todos os homens são de carne.”
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